Coluna Tem que escutar, escutando apresenta: Um safari pelo samba

samba safari

 

Quando paramos pra pensar no desenvolvimento do homem antigo pelas diferentes regiões do planeta, algumas similaridades nos permitem traçar um fio condutor e uniformizar o espírito humano, alcançando o significado do termo Essência. Expressão sincera, fluida e nestes casos, compartilhada por todo um grupo, a música é talvez o campo que mais demonstre estas semelhanças entre espíritos de épocas e regiões completamente diferentes.

Tal qual a descoberta da roda, que surgiu para preencher uma necessidade humana, a utilização de tambores (feitos com troncos de árvores e mais tarde peles de animais) é prática presente em diversos povos desde os tempos mais remotos. Estritamente relacionadas com as celebrações e rituais religiosos, as batucadas serviam também como meio de comunicação em muitos grupos, tanto para com receptores distantes, quanto como um meio de discurso dentro da própria comunidade.

Mais antiga ainda que o surgimento dos tambores é a percepção da voz como instrumento e do movimento corporal como conexão espiritual e musical, aquilo que chamamos de canto e de dança. Junte tudo isso e perceberemos a semelhança que há nos rituais de povos de contextos totalmente diferentes e sem nenhuma comunicação entre eles, desde tribos africanas a povos nativos sul-americanos (erroneamente chamados de indígenas).

Para quem não se interessa pela história, não é preciso ir tão longe. Uma breve pesquisa demonstrará às mentes abertas que quase todos os estilos musicais populares hoje em dia, derivam destas mesmas batucadas citadas anteriormente. Em especial, uma destas formas de se tocar ilustra muito bem este processo de ancestralidade musical. Parafraseando o poeta Jorge Ben, dou uma dica sobre sua identidade: “Filha de nobres africanos, que por um descuido geográfico, nasceu no Brasil num dia de Carnaval”.

Se você ainda não sabe de quem estou falando, deixarei que o próprio som manifeste-se através das palavras de Zé Kéti: “Eu sou o samba”! Sinônimo de festa, cultura, sentimento e arte, o samba nunca teve dificuldade nenhuma em ser a voz do povo: ele é desde sempre uma genuína forma de expressão da alma humana. Seja em suas raízes tribais africanas, seja nos versos tão sofridos de Nelson Cavaquinho, seja ainda no batuque vindo do Fundo de Quintal. O samba é sinônimo de Brasil!

A fim de abrir uma porta de entrada para que você, leitor e ouvinte, mergulhe de cabeça nas raízes deste som, assim como na própria alma destes sambistas (e por que não em sua própria alma?), o Samba Safari traz mais uma mixtape produzida pelo professor Luciano Alves, com mais de uma hora de viagem pelos diversos tipos e sabores de samba. Com as bênçãos de todos os santos e orixás, candombless!

 

Clique no player abaixo para escutar a mixtape Samba Safari – Um safari pelo samba (por Luciano Alves)

[audio http://www.fileden.com/files/2011/7/7/3164031//Mix Samba – Safari – julho 2011-.mp3]

Caso não consiga ouvir, escute por aqui!

 

Para baixar a mixtape e escutar em casa, clique aqui!

 

01 – Orquestra Afro Brasileira – Apresentação De Paulo Roberto
02 – Almirante & Pixinguinha c. Grupo da Velha Guarda – Pelo Telefone
03 – Zé Keti – A Voz Do Morro
03 – Adoniran Barbosa – Saudosa Maloca
04 – Elizeth Cardoso, Jacob do Bandolim & Conj. Época de Ouro – Barracão
05 – Clementina de Jesus – Na linha do mar
06 – Nei Lopes – Cara E Coroa
07 – Martinho da Vila – Batuque Na Cozinha
08 – Beth Carvalho – Coisinha Do Pai
09 – Adoniran Barbosa & Esterzinha de Souza – Letra de Samba
10 – Johnny Alf – Rapaz de Bem
11 – Sílvia Telles com Barney Kessel – Manhã de Carnaval
12 – Elis Regina – Upa neguinho
13 – Jacob do Bandolim & Zimbo Trio – Chega de Saudade
14 – Nara Leão – Tic-Tac do Meu Coração
15 – Luciano Perrone (Batucada Fantástica Vol. 3) – Samba Quente
16 – Martinho da Vila – Canta, Canta Minha Gente
17 – Beth Carvalho – Agoniza Mas Não Morre
18 – Cartola – Preciso me Encontrar
19 – Candeia – História de Pescador
20 – A Fantástica Bateria – Tratado de Ritmo 1
21 – Luiz Carlos Da Vila – Canta Candeia – De Qualquer Maneira
22 – Moacyr Luz E Aldir Blanc (Velha Guarda Mangueira) – Cachaça, Árvore E Bandeira
23 – Cartola – O mundo é um moinho
24 – Clara nunes – Marinheiro Só
25 – Martinho da Vila – Casa de Bamba
26 – A Fantastica Bateria – Tratado de Ritmo II
27 – João Nogueira – Boteco Do Arlindo
28 – Partido em 5 Samba Som 7 – Festa de Rato e Trambiqueiro
29 – Jorge Veiga – Na Cadência Do Samba
30 – Chico buarque – Fica
31 – Tom Zé – Tô
32 – João Bosco – O Bêbado E a Equilibrista
33 – Luciano Perrone (batucada fantástica vol 3) – Cuíca, Pandeiro, Agogô, Atabaques e Surdos
34 – A Fantástica Bateria – Tratado de Ritmo 2
35 – Bezerra da Silva – Pagode na casa do Gago
36 – Aparecida – Tereza Aragão
37 – Fundo de Quintal – O show tem que continuar
38 – Zeca Pagodinho – Spc
39 – Beth Carvalho – Lenço
40 – Fundo de Quintal – A Batucada Dos Nossos Tantãs
41 – Bezerra da Silva – Malandragem, Dá Um Tempo
42 – Grupo Raça – Dona da Minha Sina

 

2 Responses to Coluna Tem que escutar, escutando apresenta: Um safari pelo samba

  1. thiago nunes disse:

    Muito bom!

  2. o Cabuloso disse:

    Pois é Vitinho. Maravilhas de posts…
    Gostei desse Safari por essas regiões do samba. Da próxima vez fala darei a gorjeta do motorista.
    E falando em escutar, tenho ouvido um grupo de samba muito bom mesmo. Interassante pois são de Pernambuco (O lugar pra nascer coisa boa). Enfim, tenho o link para os interessados, tem uns aperitvos, além de poder baixar o CD no próprio site… “Us cara são bão memo”
    http://www.poucachinfra.com/blog/

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